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FORÇA E RESISTÊNCIA

A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) está investigando um caso de agressão a três mulheres na saída do Casarão do Firmino, uma roda de samba na região da Lapa, capital fluminense. O incidente ocorreu na madrugada da última quinta-feira para a sexta-feira e as vítimas alegam que foram alvo de ataques motivados por transfobia, perpetrados por cerca de 30 homens, incluindo seguranças do estabelecimento, ambulantes e um motorista de aplicativo.

Uma das vítimas, Lua, uma modelo e designer de moda de 28 anos, relatou que as agressões começaram quando estavam na fila para sair do local. Segundo Lua, os seguranças e ambulantes teriam proferido ofensas transfóbicas, gritando que “pode bater que é tudo homem, pode espancar que é tudo homem”. A situação escalou, resultando em agressões físicas, com chutes e socos, que só cessaram quando algumas mulheres ao redor intervieram e as colocaram dentro de um táxi.

De acordo com Lua, os agressores teriam bloqueado o táxi, batendo nas janelas, mas foram impedidos por outras mulheres que chamaram a atenção das autoridades.

As vítimas foram encaminhadas para a 5ª DP (Mem de Sá), onde o caso foi registrado. A PCERJ emitiu uma nota informando que os envolvidos foram ouvidos e que estão em busca de testemunhas e imagens de câmeras de segurança para esclarecer todos os fatos. Por sua vez, o Casarão do Firmino divulgou uma nota nas redes sociais negando as acusações, afirmando que surgiram “boatos envolvendo o nome” do estabelecimento e que os seguranças foram agredidos por um grupo do lado de fora após o término do samba.

A designer de moda afirma que o linchamento de fato teve início quando os agressores perceberam que elas eram mulheres trans: — Um ambulante veio para cima da gente e falou (para a irmã de Zuri, que é uma mulher cisgênero) “em você eu não bato, mas vocês dois (em referência a Zuri e a Lua), eu bato, porque em homem eu bato”.

Quando a viatura apareceu, Lua diz ainda que os policiais não a escutaram de início, sugerindo que elas deveriam ter chamado o SAMU. Eventualmente, elas foram encaminhadas para a 5ª DP (Mem de Sá), onde prestaram depoimento. No entanto, Lua diz que foram também alvo de transfobia na delegacia:

— Nós estávamos relatando o que tinha acontecido e tentavam colocar uma conotação de que nós estávamos numa casa noturna, de que éramos prostitutas. As pessoas, vendo duas travestis negras pedindo ajuda, logo entram em todos os estereótipos possíveis para poder deturpar a história e colocar como se nós tivéssemos causado aquilo. A todo momento, colocava em dúvida o que falávamos. Uma das vítimas teve o nariz quebrado e aguarda cirurgia.

O relato das vítimas e a versão do estabelecimento sobre os eventos são discrepantes, criando um ambiente de tensão e incertezas em torno do incidente. A PCERJ continua a investigação para esclarecer os fatos e determinar as responsabilidades pelos atos de violência e atos de discriminação por motivos de gênero.

Foto Reprodução Instagram

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