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FORÇA E RESISTÊNCIA

A pequena cidade de Maranhãozinho, no estado do Maranhão, está abalada com a brutalidade do assassinato de Ana Caroline Sousa Câmpelo, uma jovem de 21 anos que teve sua vida ceifada em Dezembro/2023. O crime chocante, que envolve requintes de crueldade, está sendo investigado pela Polícia Civil, que até o momento não identificou suspeitos.

Ana Caroline, natural de Centro do Guilherme, havia se mudado para Maranhãozinho há poucos meses, onde trabalhava em uma conveniência de um posto de combustível. Seu sonho era ingressar no Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA).

O desaparecimento de Ana Caroline ocorreu por volta de 1h30 de domingo, após sair do trabalho. Seu tio comunicou à Polícia Militar o desaparecimento, relatando ter encontrado sua bicicleta e celular próximo à casa da jovem. O corpo da vítima foi descoberto nas primeiras horas da manhã de domingo, em uma estrada vicinal que dá acesso ao povoado Cachimbós, exibindo sinais alarmantes de tortura.

Segundo relatos da Polícia Militar, Ana Caroline teve a pele do rosto, couro cabeludo, olhos e orelhas retirados, evidenciando a brutalidade do ato. Testemunhas, incluindo uma vizinha, afirmam ter visto a jovem com um homem antes de seu desaparecimento. A testemunha relatou ter ouvido uma mulher chorando na presença de um homem em uma motocicleta, que fugiu em direção a uma estrada vicinal após colocar a jovem na motocicleta.

Até o momento, a Polícia Civil não identificou suspeitos do crime. O caso está sendo investigado pela Superintendência de Polícia Civil do Interior (SPCI), e testemunhas foram ouvidas na Delegacia Regional de Governador Nunes Freire.

Um protesto pela justiça foi realizado no caminho para o sepultamento, evidenciando a revolta e o pedido por respostas diante dessa tragédia.

Abalada, Carmelita da Silva Sousa, mãe de Ana Caroline, expressou sua dor e fez um apelo por justiça: “Carol era uma menina meiga. Ela só tinha o prazer de viver, tiraram a vida da minha filha sem ela ter feito nada. Gente, vamos fazer justiça pela Carol”. Enquanto a comunidade se mobiliza em busca de respostas, o assassino de Ana Caroline Sousa Câmpelo continua solto, deixando a comunidade em estado de choque, apreensão e alerta.

Infelizmente, a violência persiste. No último dia 07, outra mulher lésbica foi vítima de assassinato no município de Cruz, Ceará. Assim como no caso de Ana Caroline, o corpo da vítima foi descoberto com marcas de tortura, intensificando a preocupação com a segurança das mulheres lésbicas em todo o país.

Em resposta a esses crimes chocantes, entidades lésbicas de todo o Brasil se uniram no Levante Nacional Contra o Lesbocídio. O movimento busca não apenas exigir respostas e celeridade na solução dos crimes, mas também aumentar a conscientização sobre a gravidade do lesbocídio, um termo que define a morte de lésbicas motivada essencialmente por lesbofobia, ódio (lesbo-ódio), repulsa e discriminação contra a existência lésbica.

De acordo com o Levante Nacional Contra o Lesbocídio – Movimento Lésbico Brasileiro, essa forma específica de violência é catalogada como um tipo de feminicídio e crime de ódio, e destaca a necessidade urgente de políticas públicas eficazes e medidas concretas para proteger a comunidade lésbica e punir os perpetradores desses atos cruéis.

A falta de avanço nas investigações dos casos de Ana Caroline Sousa Campêlo e da recente vítima em Cruz, Ceará, aumenta a indignação e o medo entre as mulheres lésbicas no país.

O Levante Nacional Contra o Lesbocídio – Movimento Lésbico Brasileiro está exigindo medidas imediatas para encontrar e punir os responsáveis por esses assassinatos.

Os crimes de ódio têm raízes profundas na discriminação e no preconceito, muitas vezes alimentados por estereótipos prejudiciais e falta de compreensão. Quando essas manifestações de ódio se transformam em atos violentos, a sociedade como um todo é desafiada a enfrentar não apenas os efeitos imediatos, mas também as causas subjacentes desse fenômeno.

O perigo dos crimes de ódio contra lésbicas não pode ser subestimado, e é responsabilidade de todos nós lutar por um mundo onde a diversidade seja celebrada, não alvo de violência.

Além disso, é imperativo que as autoridades policiais e judiciais estejam equipadas para lidar adequadamente com crimes de ódio, desde a investigação até a punição dos responsáveis. Isso inclui treinamento específico para reconhecer e abordar casos de violência motivada por preconceito.

Diante dos horrores do crime de ódio, é necessário um compromisso coletivo para combater a intolerância em todas as suas formas. A justiça, a solidariedade e a promoção de sociedades mais inclusivas devem ser os alicerces sobre os quais construímos um futuro onde o ódio não tenha espaço.

A conscientização pública é essencial para que a sociedade compreenda a gravidade desses crimes e o impacto profundo que têm nas vítimas e nas comunidades marginalizadas.

Foto – Ato em SP pede justiça por Carol Câmpelo

Ale Anselmi @alanselmi

Jovem lésbica brutalmente assassinada no Maranhão

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